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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Gemeos mais bem diferentes


Gêmeos, mas bem diferentes
Postado por Cássio Barbosa em 02 de fevereiro de 2010 às 13:44
Já não é de hoje que as diferenças entre Calisto e Ganimede intrigam os astrônomos. Uma olhada nas imagens dos dois satélites de Júpiter já deixa a pergunta: por que os dois, tão parecidos em tamanho e composição, podem ser tão diferentes? Parece que agora saiu uma explicação.Ganimede e Calisto são dois dos quatro satélites galileanos de Júpiter. Ganimede, Calisto, Io e Europa foram descobertos por Galileu Galilei em 1609 numa das descobertas astronômicas que revolucionaram a ciência. Mas desde que as Voyagers passaram por lá há 30 anos, os astrônomos ficaram intrigados com as diferenças encontradas entre Ganimede e Calisto. Os dois têm quase o mesmo tamanho e uma mistura de rocha e gelo quase igual. Mas basta uma olhadela nas fotos dos dois para perceber que são bem diferentes. Como isso aconteceu?
Amy Barr e Robin Canup, do Soutwest Research Institute, propuseram uma explicação. Eles criaram um modelo no qual os dois gêmeos nasceram juntos (claro!), foram evoluindo e há uns 3,8 bilhões de anos seguiram caminhos diferentes. Mas como? Através do derretimento da crosta por impactos de cometas e a formação de um núcleo rochoso.
Mais ou menos 4 bilhões de anos atrás, ocorreu o último bombardeio pesado de cometas, como atestam as crateras da Lua. Impactos nesse período eram tão constantes que derreteram Ganimede de forma tão intensa e profunda que o calor não foi dissipado rapidamente. As rochas em Ganimede que conseguiram sobreviver afundaram para o centro. Calisto teve mais sorte e recebeu impactos menos numerosos e menos violentos – e por isso não teve episódios de derretimento.
Mas o que fez os cometas preferirem Ganimede? Foi culpa de Júpiter.
Ganimede está mais próximo de Júpiter e por isso recebeu o dobro de impactos de cometas que Calisto. Além disso, os cometas chegavam mais velozes em Ganimede, o que dá uma energia muito maior a cada choque. Cada impacto em Ganimede e Calisto fez com que a mistura de gelo e rocha da superfície derretesse e formasse verdadeiras piscinas, permitindo que as rochas mais pesadas afundassem em direção ao centro das luas. O modelo de Barr e Canup mostram que a formação de um núcleo rochoso começou em Ganimede com o grande bombardeio, mas não em Calisto. E isso fez toda a diferença.
Assim como a Terra e Vênus, Ganimede e Calisto são gêmeos e tiveram desenvolvimentos completamente diferentes. Entender como eles nasceram iguais e se tornaram tão diferentes é de grande interesse dos cientistas planetários. Mostra como o ambiente pode modificar a evolução. Esse estudo foi publicado na revista “Nature Geoscience” no final de janeiro.

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